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terça-feira, 16 de setembro de 2014

Parabéns Mafalda!



A menina que tudo questiona continua actual… e sem rugas. A fantástica personagem Mafalda, de Quino, chega aos 50 sagaz e anticonformista, sem perder relevância. Os 50 anos das suas tiras de BD inconformistas, e o seu espírito rebelde, não podiam estar mais em voga num mundo em convulsão. “Muitas das coisas que ela questionava ainda não foram resolvidas”, sintetiza o desenhista Joaquín Salvador Lavado, mais conhecido por Quino, que deu vida a Mafalda de 1964 a 1973. O autor publicou o seu primeiro trabalho em 1963, mas foi a pequena menina de cabelo preto e fita vermelha que o levou à fama, em 1964. Quino tinha esboçado a personagem um ano antes, numa tira para a publicidade de uma marca de eletrodomésticos, mas que não prosperou. "Adaptei a tira. Como não tinha que elogiar as virtudes de nenhum aspirador, fi-la reclamar, algo carrancuda." Quino encerrou as aventuras da personagem em 1973. O autor afirma que acabou com a série por "estar cansado de fazer sempre a mesma coisa". Em 1976, com o golpe militar na Argentina, Quino exilou-se em Milão, mas a sua Mafalda continuou a habitar o país. "Acredito que tal aconteceu porque a arte das tiras era considerada um género menor, que não representava uma ameaça como voz histórica. Os desenhos não aparentavam ser uma arte altamente intelectual e eram percebidos como entretenimento". Hoje, Mafalda é muito popular em vários países e Quino afirma não ficar surpreso com o facto de ser uma das 10 figuras argentinas mais famosas do século XX. "Acredito que a temática é comum a todos os grupos familiares humanos, estejam na China, na Finlândia ou na América Latina". Muitos chegam a comparar a menina argentina de classe média com Charlie Brown, personagem criado pelo americano Charles Schulz. Mas para Quino, "Mafalda pertence a um país denso de contrastes sociais, que apesar de tudo queria integrá-la e fazê-la feliz, mas ela nega e rejeita todas as ofertas. Charlie Brown vive num universo infantil próprio, do qual estão rigorosamente excluídos os adultos, com a diferença de que as crianças querem tornar-se adultos. Já Mafalda vive num contínuo diálogo com o mundo adulto, mas rejeita-o, reivindicando o direito de continuar a ser uma criança". De acordo com o desenhista, Schulz criou personagens antipáticos, simpáticos, bons, maus, invejosos e isso foi uma revolução. "Eu inspirei-me bastante nele, mas, como não sou americano, fiz uma adaptação muito argentina e própria da coisa". A efeméride do cinquentenário foi celebrada na última edição do Festival Internacional de Angoulême, em França, o mais importante evento do mundo dos quadradinhos, que montou uma exposição em homenagem a Mafalda. A cada ano, cerca de 200 mil ilustradores, argumentistas, editores e apaixonados pelas histórias em BD reúnem-se nesta aprazível cidade para celebrar o género. E nesta edição, foi possível visitar uma réplica do apartamento em que vivia Mafalda e da sala de aula onde ela lançava as suas frases que pulsavam sinceridade. Também andavam por lá os seus companheiros Manolito, Felipe, Susanita e Miguelito. “Às vezes, surpreende-me o facto de algumas tiras feitas há mais de 40 anos ainda serem aplicáveis hoje”, explica o autor, de 81 anos, que não pôde viajar para o evento por questões de saúde. Aliada a uma recriação do mundo, que reflete a classe média progressista argentina dos anos 1960, a organização do festival de BD reuniu ainda tiras originais, reproduções e materiais que serviram de inspiração ao desenhista da célebre menina de seis anos, que usa um laço na cabeça e detesta sopa. “O que me surpreende é ver que minha obra se desenvolveu desde sua publicação até o dia de hoje, e que boa parte dos temas, para não dizer todos, continua atual e compreensível”, explica Quino numa entrevista por email à AFP de Madrid, onde mora parte do ano. No tempo restante, vive em Buenos Aires.

Menina idealista e sincera, Mafalda nunca se calou perante a inquietude que lhe causava um mundo adulto, que não lhe oferecia respostas satisfatórias, algo que persiste até ao século XXI. E, mesmo que seja só uma tirinha de banda-desenhada, como insiste o seu criador, a mesma traduz matizes da personalidade do próprio que a fez. Quino sempre se definiu como um “pessimista”, que mantinha sempre viva a “ilusão de que sua obra servia para mudar alguma coisa”. Através do olhar crítico da sua menina de classe média, Quino apresentou a própria visão anticonformista do mundo. Os seus temas favoritos são os problemas económicos e sociais, as desigualdades, a injustiça, a corrupção, a guerra e o meio ambiente. "Sem ir muito longe, no ano passado saiu em Itália um livro sobre a Mafalda. O mais incrível é como muitas das histórias pareciam fazer referência directa à campanha de Berlusconi", comenta. Ao ser questionado sobre como vê a Argentina e o mundo de hoje, Quino mantém a postura. "A nossa obrigação é acreditar que o futuro vai ser melhor, mas no fundo sabemos que tudo continuará a ser como até agora"… Não diria Mafalda o mesmo? Para marcar a festividade, há exposições previstas na Argentina, Itália, Espanha, Canadá e México sobre a Mafalda e os 60 anos de carreira do seu autor.



quinta-feira, 15 de março de 2012

Parabéns Mafalda!

Mafalda faz hoje 50 anos

Já é uma senhora de idade respeitável. Porém, mantém a irreverência e a espontaneidade das crianças. É traquinas e incisiva. Desobediente q.b.. E terrivelmente observadora e oportuna, a ponto de desconcertar os adultos mais sérios. Quem não gostaria de ser como a Mafalda, pelo menos só um dia de vez em quando?
Esta personagem nasceu a 15 de março de 1962 pela mão do desenhador argentino Joaquín Lavado, conhecido como Quino. Parabéns pela criação de um dos bonecos mais bem conseguidos de sempre na Banda Desenhada.
A Mafalda tem um site aqui.

Esta menina rebelde, inconformada diante do contexto mundial recente, tornou-se extremamente popular em todo o continente europeu e na América Latina. Inúmeras vezes ela foi comparada à criação do norte-americano Charles Schulz, Charlie Brown, especialmente pelo escritor Umberto Eco, em 1968, que via em ambos um temperamento triste e suave. Este autor também caracterizava Mafalda como uma protagonista propensa à ira, justamente por não aceitar as coisas como elas são.
As aventuras de Mafalda foram narradas em três veículos – Primera Plana, El Mundo e Siete Días Illustrados. Quino foi sempre um autor exigente, doando-se integralmente a sua criatura, com um estilo distinto de outros cartunistas, que dividiam sua produção com outros artistas e desenhistas. Ele fez questão de manter um vínculo direto com sua personagem, responsabilizando-se sozinho por ela. Assim, não foi difícil para o autor descobrir o momento exato em que ela deveria interromper sua trajetória e partir, antes que qualquer leitor pudesse se dar conta de que ela tinha completado sua jornada.
 
É possível que a personagem Mafalda comentasse com ironia delicada o contexto de sua criação, no dia 15 de março de 1962, há 50 anos, como peça de uma campanha publicitária para máquinas de lavar que nunca foi lançada. Na época, seu criador, o cartunista Joaquín Salvador Lavado, mais conhecido pelo apelido, Quino, trabalhava em publicidade. Foi pouco mais de dois anos depois, em setembro de 1964, que Mafalda estreou na revista semanal Primera Plana. A tirinha durou até 1973, terminando, segundo o próprio autor, por “esgotamento de ideias”. Nesse período de quase 10 anos Mafalda serviu como meio para crítica sensível não apenas do contexto político e económico da Argentina, mas também da evolução social, dos novos tipos de relações formadas entre as pessoas e o mundo, uma mistura incrível entre pessimismo e humanismo de certa forma universal.
Quino criou habilmente metáforas para falar sobre assuntos que se encarados de frente poderiam ser censurados pelo sistema da época, personagens enterrados na burocracia de seus erros, a influência muitas vezes absurda da hierarquia social em questões pequenas do quotidiano, assuntos tratados por Quino com um tipo delicado e criticamente desperto de inteligência.